Transição de carreira: de artista a desenvolvedora júnior

Diário de como dei meus primeiros passos

Tainah Bernardo
6 min readApr 19, 2021

Olá!! Sejam muito bem vinda/os aqui!

Esta é a minha primeira publicação e tem um motivo: quero compartilhar minha jornada enquanto caminho por ela!

Sim, quero dividir cada passo da minha transição de carreira da maneira mais fiel e sem muito “glitter”, narrando da forma mais natural as experiências que estou tendo durante minha caminhada.

Mas, afinal “quem é a Tainah?”

Já antecipo: não sou a Mona flutuando na represa da Cantareira, mas a jovem estudante de Artes Visuais que segura essa belezura (na época, com uns 21 anos).

E é isso mesmo que você leu no título, hoje sou uma desenvolvedora júnior que começou nas artes visuais (mas já chego lá, deixa eu me apresentar).

Resumidamente:

Sou paulistana, nascida em 1994. Sempre estudei em escola pública de bairro e no ensino médio fui para uma escola técnica (pública) onde fiz, além do colegial, meu curso técnico em nutrição (eu realmente não fazia ideia do que eu estava fazendo na época).

Depois disso, fui estudar na Unesp (uma universidade pública estadual aqui de SP) onde passei meus 4 anos tendo contato com um universo super novo para mim. Mas confesso que não aproveitei tanto a vida universitária porque eu precisava de grana pra me manter, então lá fui eu no meu primeiro ano caçar estágio/bolsas.

Passei por diversos lugares como prefeitura de São Paulo, onde trabalhei com comunicação, núcleo de pesquisa e crítica/curadoria na Pinacoteca, programação cultural no Sesc, educadora/atelierista numa escola particular e depois que me formei trabalhei como freelancer de design, produção cultural, social media (e aprendendo até fazer malabarismo pra pagar os boleto hehe).

Foi durante 2020, que algumas coisas mudaram na minha vida.

Durante meu tempo como freelancer em 2019, acabei perdendo um contrato fixo e tendo que procurar outras alternativas. Fui trabalhar num estúdio de design de estampas onde, além de ilustradora, fui designer, secretária, social media e outras coisas. Não era meu lugar.

Não queria continuar ali mas também não sabia o que fazer com a minha carreira. Passei vários anos estudando, estagiando nos melhores lugares e quando saí da faculdade, não havia espaço para crescer em alguma empresa ou até mesmo ganhar minimamente para ter uma vida independente dos meus pais.

Essa sou eu com uma baita tendinite, mas super feliz hehe

Nessa época (que também foi uma época de desilusão amorosa, só pra piorar as coisas) um grande amigo me convidou para dar uma visitada no Facebook e lá fui eu atravessar a cidade pra conhecer essa empresa tão famosa.

Não preciso nem dizer que eu fiquei maravilhada com o lugar.

Saindo de lá, fiquei pensando: “Deve ser muito da hora poder trabalhar com uma equipe inspiradora num lugar muito bom, recebendo bem e sendo valorizada como profissional e como pessoa. Quero isso também!”

Logo em seguida comecei a perceber que as opções para alcançar meus objetivos dentro da minha área eram muito mais limitadas e então veio uma super questão que me perseguiu até meados de setembro, durante a pandemia de 2020:

O que eu vou fazer?? Não sei pra onde ir.

Depois de VÁRIOS conflitos internos e mais um monte de histórias — que qualquer dia eu conto aqui — meu irmão comentou sobre um curso que ensinava a programar, que ajudaria a conseguir emprego e que eu poderia pagar só depois de estar recebendo um salário acima de R$ 3.500.

Nesse ”auê” todo de não saber pra onde ir, resolvi dar uma chance para mim (pelo menos se desse errado, não ia ter que vender meu rim).

Início da minha trajetória na programação:

Meu setup da época, que era um ateliê/quarto/sala de aula/e tudo mais

Em meio aos pincéis, aquarela e materiais de desenho, lá estava eu fazendo um curso das 8h às 17h e em seguida mantendo meu freela fixo como produtora cultural.

Fiz o curso na Labenu e a proposta deles é que nos primeiros 3 meses eu aprenderia front-end e nos outros 3 aprenderia back-end. Para entrar com bolsa, eu tive que fazer um processo seletivo em que teria que desenvolver uma página simples com cabeçalho, botões, mensagens de alert e tudo mais.

Eu tinha 4 dias e não fazia IDEIA do que eu precisava para começar esse treco. Foi aí que comecei a dar meus primeiros passos como uma dev caçadora de infos no Google e Youtube.

Nós tínhamos um canal no Slack durante o processo seletivo, em que poderíamos compartilhar informações e nos ajudar. Mesmo sem conhecer nada nem ninguém, lá fui eu pedir ajuda. Para minha surpresa, sempre era respondida por pessoas que também estavam no processo seletivo!

Consegui terminar o projeto e fui para a próxima etapa, que era uma entrevista. Nessa hora comecei a ver que os meus 4 anos de faculdade de humanas começavam a ser úteis para me comunicar.

Resultado: passei! Fiquei super feliz e me achando capaz de aprender qualquer coisa. Cheguei no primeiro dia e tivemos um primeiro exercício que era para utilizar o terminal e desvendar um mistério.

Novamente: se não fosse pela comunidade no Slack, ainda estaria lendo aquelas milhões de páginas de texto! Depois de resolvido o mistério, já estava me achando a super mega hacker da matrix (hahaha ilusãooo)

Agora vou acelerar a história porque não quero ver ninguém dormindo (mas se quiserem eu posso detalhar isso tudo num outro post)

Nas semanas seguintes foi só sofrimento e alguns poucos picos de alegria por ter conseguido entender alguma coisa.

Aprendi GIT, tive milhões de erros no GIT. Aprendi Javascript, ficava olhando paras funções de array e me perguntando: mas que diabos é isso? Pra que serve??? Comecei a ver React, componentes de classe, componentes funcionais…e enquanto isso a Tainah:

“Pede socorro no Slack, pede ajuda pros amigos, pede ajuda pros profs, da uma desesperada, se acha burra, consegue entregar a atividade, consegue entender alguma coisa! Aí vem matéria nova, se sente burra de novo, pede ajuda….e isso tudo até o final do front end e back end.”

Resumo da jornada mucho loka:

“Eitaaa que eu não entendi nada”,

“Caraca, tá lindão”,

“Nossa, que código horroroso que eu fiz!”,

“Wowwww, to entendendo agoraaaa!”,

“Ahh looping infinito!!”,

“Nossa, alguém dá um prêmio pra esse meu clean code!”,

“Ahhh muleke, sou phoda!”.

“Quê???”

Por fim, os aprendizados:

Fiz amigos SENSACIONAIS, conheci pessoas de diferentes culturas, lugares, aprendi a pesquisar e ter mais calma diante de algo desconhecido, a lidar com minhas limitações e de outras pessoas, a receber e dar feedback, a me organizar, a compartilhar sentimentos, pensamentos, angústias e conquistas, dúvidas e tantas outras coisas que dariam um livro.

Além disso, descobri que gosto de conseguir resolver algo que acho difícil, ver meu crescimento. Fiquei MUITO FELIZ de ver como a comunidade dev se ajuda! Percebi o tamanho desse universo da tecnologia e as inúmeras oportunidades de criar coisas fantásticas e, finalmente, me perguntei por que nunca tinha pensado na possibilidade de entrar na tecnologia anos antes (sobre esse tema, também quero fazer um post dedicado à falta de mulheres na tecnologia, que começa na construção do imaginário já na infância…mas aí a conversa é longa. Fica para uma próxima).

Procurando jobs / enfim contratada:

Terminando o curso, comecei a aplicar para vagas (também tema para um próximo post) e depois de vários “nãos”, vários testes de challenges de github, pair programming, entrevistas técnicas…recebi meu tão almejado “sim”!!

É a partir daqui que vou começar meu diário e espero que seja útil para alguém, porque é com esse objetivo que estou compartilhando minha trajetória: dar o próximo passo e ajudar quem está chegando.

Por isso, se quiser trocar uma ideia, bater um papo, mandar dúvidas, pode me achar pelo linkedin Tainah Bernardo ou me mandando um e-mail: tainahboarini@gmail.com

Até o próximo “capítulo” !!

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Tainah Bernardo

Desenvolvedora Back-end formada em Artes Visuais querendo compartilhar experiências que vivo por aí.