Por onde comecei a estudar programação?

Tainah Bernardo
7 min readMay 31, 2021

Estava ensaiando na minha cabeça mais um texto sobre minhas experiências (hora do banho é perfeita para isso. Recomendo! =p ) e mais do que dizer algo que eu ache importante, resolvi falar sobre o que algumas pessoas têm me perguntado nos últimos dias:

Como é o curso que você fez para se tornar uma desenvolvedora?

Bom, eu fiz meu curso na Labenu, uma escola online que se propõe a ensinar programação (o básico) em 6 meses. Hoje há o curso de front-end com a mesma duração mas fiz o fullstack porque, como não conhecia nada da área, achei conveniente saber um pouco de tudo, mesmo que fosse mais corrido.

Presentinho de dia das mulheres embalados e enviados pelo pessoal da Labenu.

Começando pelo final: estou na área da programação cerca de 8 meses sendo que comecei do zero (não sabia nem o que era uma <div> ou um console.log) e hoje estou empregada como dev back-end junior numa empresa bem grande. Mas calma, não estou tentando vender o curso (aliás, a Labenu nem sabe que eu escrevi esse texto haha).

E antes que você se anime demais e ache que vai conseguir emprego tranquilamente, sinto dizer mas não é beeeem assim que funciona (no final desse texto vou falar um pouquinho sobre isso).

Mas antes de continuar dando spoiler, vou falar como foi o curso, prós e contras que eu identifiquei.

Optei fazer o curso pelo método ISA, que basicamente é um jeito de você pagar somente depois que receber mais do que 3,5k de salário (hoje esse valor mudou). Por isso, tive que fazer um teste técnico em 4 dias.

Para esse teste, precisei criar um layout de um site simples do qual haviam alguns pré-requisitos que valiam pontos. Era mais um teste de HTML, CSS, e um tiquinho de Javascript.

Depois, fiz uma entrevista online com uma pessoa que trabalhava na Labenu e ali era avaliada minha história, o que eu procurava no curso, por que resolvi estudar programação e coisas do tipo.

Dias se passaram e veio a resposta que eu havia sido aprovada! uhuhuhu

Começo de curso: um universo novo, muita informação e fogo no parquinho

A jornada começava às 8h e ia até às 17h. Na primeira hora do dia, recebíamos via slack (uma plataforma muito legal de comunicação!) um “warmup” onde relembrávamos conteúdos das semanas anteriores e também um desafio rápido que deveria ser entregue até as 9h.

Em seguida começavam as aulas (que eram de segunda a quinta) das 9h às 11h com conteúdos novos e materiais de estudo (pelo vímeo e notion) para os desafios da tarde.

A ideia é que entregássemos as atividades todos os dias até às 17h, mas claro que para projetos maiores tínhamos mais tempo. Os projetos ficavam numa pasta do github e marcávamos como reviewers (PR) os professores para garantir a entrega. Nem sempre entregava tudo bonitinho porque não dava tempo e eu tinha que trabalhar depois do horário de aula.

O curso era dividido em 2 partes: front e back-end. No front aprendemos como linguagem básica o Javascript utilizando o framework ReactJs. Vimos componentes de classe, métodos funcionais, componentes globais, props (demonho hahah) e fizemos projetos como loja online, uma versão simplificada de um tinder, reddit, ifood, etc.

No back-end vimos banco de dados relacionais (MySQL), NodeJs, Typescript, MVC, POO, um tiquinho de AWS (EC2) e heroku. Fizemos projetos em que precisávamos construir todo o CRUD de uma versão simplificada de um instagram ou spotify e outros.

Resumi bastante o que aprendemos, mas vale acrescentar que para além das aulas, tínhamos algumas palestras rápidas de soft skills das mais variadas, desde “como não se deixar dominar pela síndrome do impostor” até “métodos que podem ajudar na rotina de estudo”. Nas sextas pela manhã, não havia aula, mas tínhamos 1h de tech talk com ex alunos que já estavam empregados ou pessoas que trabalham na área há bastante tempo.

Duas vezes por semana, havia o plantão de dúvidas feito pelo zoom e poderia participar qualquer um que precisava resolver um problema específico. Além do plantão, podíamos compartilhar nossas dúvidas no canal do slack onde um professor ou aluno ajudaria a achar o erro(tipo o famoso “undefined is not a function” hahah).

Tínhamos encontros semanais com o pessoal do CX para “chorarmos as pitangas”, dar feedbacks, compartilhar angústias e vitórias e também um formulário diário para dizermos o que achávamos dos professores, dos conteúdos e tudo mais.

Na minha turma haviam umas 70 pessoas e as aulas eram online. Sempre era permitido fazer perguntas, o que ajudava bastante. Além disso, havia um canal no slack só para as mulheres e era ótimo. Compartilhávamos experiências, nos ajudávamos e também “chorávamos as pitangas” haha.

Ahh sim, também havia palestras mais para o final, sobre como melhorar o linkedin, se comportar em entrevistas e coisas voltadas à empregabilidade.

UFAAA, acho que deu pra fazer um resumão do curso.

Agora a parte que talvez você mais esperava. TCHANANANNNN:

Prós e contras na minha humilde visão:

Prós:

  • Curso super humanizado. Preza pela comunidade e trocas entre pessoas. Me senti muito bem acolhida e respeitada.
  • Equipe motivada e solícita. Dá pra ver que cada um de lá vibra quando conquistamos um emprego ou resolvemos um bug.
  • Bastante conteúdo durante o curso. Todo dia havia algo novo.
  • Dificilmente alguém não respondia uma dúvida. Na maioria das vezes, eu fui ajudada ou por um colega, ou por um professor. Eles estimulam bastante que nos ajudemos.
  • Aulas ao vivo com abertura para tirarmos dúvidas.
  • Suporte técnico e emocional pela equipe.
  • Palestras inspiradoras de pessoas que estão em contato recente com o universo da programação.
  • Temos acesso aos conteúdos gravados até 5 anos depois do curso.
  • Só paga as parcelas depois que estiver empregado e recebendo mais de 3,5k e se por acaso não estiver trabalhando em algum mês, não paga (essa regra pode ter mudado).
  • O curso é bastante prático. Temos muitos projetos para fazer.
  • Recebemos feedbacks (algumas vezes) dos nossos trabalhos.

Contras:

  • Achei minha turma grande demais e às vezes os professores não davam conta de responder a todos no plantão (quando apareciam várias pessoas)
  • Os conteúdos de javascript foram passados muito rápido, e é importante que esteja bem condensado para progredir.
  • Os professores tem muitas tarefas e ficam sobrecarregados, deixando um pouco a desejar no auxílio das perguntas dos alunos.
  • O back-end acabou tendo menos tempo de aula que o front, por conta de conteúdos de empregabilidade.
  • Se você for muito iniciante, como eu era, vai ter um pouco mais de dificuldade de acompanhar no começo. Então, acho que eles poderiam avisar isso nas propagandas. Não é impossível, até porque eu sou um caso dessas pessoas, mas não entender nada por algum tempo pode ser motivo de muita frustração e desistência de algumas pessoas.
  • A parte de empregabilidade poderia ser melhor explorada como treino para entrevistas ou ter mais empresas parceiras.

Vale lembrar que essa é minha opinião e tentei ser o mais transparente possível aqui. Eu tenho um carinho muito grande pelos intrutores e equipe da Labenu mesmo com esses contras, mas acho válido mostrar para quem está começando que não é um mar de perfeição, até porque vai depender muito de você e como se comporta diante de desafios.

Vejo que por mais perfeita que uma escola seja, uma boa parte do sucesso vem através de nós, da nossa vontade e determinação, então não terceirize essas coisas porque você poderá se frustrar em qualquer lugar.

Dito isso, como prometido no começo do texto, quero deixar um alerta sobre vagas na área:

Sim, o mercado da programação está MEGA aquecido. As empresas estão precisando de muitos devs, massss não se engane achando que na sua primeira entrevista vão te dar um “sim” ou que você nem precisará mandar muitos currículos. Provavelmente, como muitos, você receberá alguns “nãos”, algumas empresas irão te oferecer salários muito baixos (por favor, se não estiver precisando muito, nem aceite) e coisas parecidas.

Então tenha em mente:

  • Você irá precisar estudar MUITO antes e durante sua carreira.
  • Vai ter que lidar com frustrações de não passar em vagas.
  • Na maioria das vezes você NÃO vai receber um feedback da sua entrevista.
  • Você não vai ficar “ryko” tão rápido como falam por aí. Bota uns anos na conta e considere que vai ter que estudar bastante.
  • É uma área que paga bem, mas todo dia tem várias coisas que você não faz ideia do que sejam e que precisam ser resolvidas por você.

E o mais importante de tudo: NÃO DESISTA! Falei tudo isso para que não chegue com mil expectativas e, sabendo disso, vem um conselho muito útil:

Continue, apesar de tudo.

Espero que essas informações tenham sido úteis e, se assim for, compartilha esse texto com algum amigo/a que está iniciando na programação pra dar uma mãozinha pra ele/ela.

Se quiser saber mais sobre minha história, sugiro que comece por aqui.

Também se quiser trocar uma ideia, bater um papo, mandar dúvidas, pode me achar pelo linkedin Tainah Bernardo ou me mandando um e-mail: tainahboarini@gmail.com

Até mais !!

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Tainah Bernardo

Desenvolvedora Back-end formada em Artes Visuais querendo compartilhar experiências que vivo por aí.